O Rapaz Que Veio Do Futuro
Era um dia de verão quando a Clara e a família estavam a ir
para a praia.
- Meninas, não corram!! – dizia o pai preocupado
- Tem calma, Rui. - dizia a mãe - elas já cresceram bastante.
- Mas eu ainda continuo a ser o pai delas, Julia.
Em poucos minutos a Clara e as suas irmãs, Ema a mais velha
e Ana a mais nova, chegaram à praia.
- Cheguei primeiro!! – disse a Clara
- Sou sempre a ultima - queixou-se a Ana - isto é super
injusto! A Clara tem 11 anos, a Ema tem 14 anos e eu só tenho 10!!
Depois de vestirem todas os fatos de banho os pais chegaram.
- Vão à água enquanto eu arrumo as coisas. - disse o pai.
- Yay! – disseram, em coro.
Mal as miúdas mergulharam a mãe disse:
- Obrigada. – disse, enquanto estendia a toalha e punha os
seus óculos de sol no rosto.
Passadas algumas horas, os pais começaram a arrumar as
coisas para partirem. As 3 irmãs estavam a jogar à bola.
- AI!! - disse a Ana, que acabava de levar uma bolada na
cara.
Quando estava prestes a ralhar com a irmã, a mãe gritou:
- Vamos embora!
- O pai ainda vai demorar a arrumar as coisas. - disse a
Clara virando-se para continuar o jogo.
As 2 irmãs foram ter com os pais, mas a Clara voltou-se para
o pai com raiva no rosto. Sempre que iam à praia o pai demorava muito tempo a
arrumar as coisas e hoje parecia que ele as tinha arrumado rapidamente só para
a irritar.
A mãe entendia a situação da filha e disse na maior das
calmas:
- Se quiseres podes ficar na praia.
- A SÉRIO!?!? – disse, surpreendida.
- Claro, tu já tens 11anos e a casa é bem perto. - disse a
mãe.
A Clara olhou para o pai e este concordou, um pouco
contrariado. Despediram-se e partiram.
Como Clara estava um pouco cansada decidiu ir sentar-se à
beira-mar a observar a paisagem e as crianças a nadar, mas, no meio de isto
tudo, Clara adormeceu.
Quando a Clara acordou não estava ninguém na praia e ela
reparou que já era pôr-do-sol.
- Acho que adormeci… - pensou enquanto se levantava - é
melhor voltar para casa antes que eles fiquem preocupados.
Quando se virou viu um rapaz florescente, mesmo à sua
frente.
- É melhor não me levantar- pensou enquanto se punha de
joelhos - ele ainda me faz mal.
O rapaz e a Clara mantiveram-se calados.
- Mas que seca! - pensou Clara - Será que arrisco e digo
alguma coisa?
Ficou calada a pensar se haveria de dizer alguma coisa.
- Dizer ou não dizer, eis a questão - pensava.
Mas acabou por arriscar.
- Quem és tu? – disse por fim.
O rapaz não disse nada. Só sorriu e estendeu-lhe a mão.
- Que queres? - disse Clara.
O rapaz não disse nada e simplesmente continuou a sorrir e
ficou com a mão estendida.
Levantou-se, deu-lhe a mão, e foi ai que… PUF! Tudo ficou
branco. Quando acordou, encontrou-se deitada numa cama, num quarto em ruinas.
Saiu do quarto e reparou que estava numa mansão em ruinas, maltratada e
desfeita.
Quando se aproximou do corrimão deu para ver o andar de
baixo que estava pior que o andar de cima. Clara também conseguiu ver o seu
amigo estendido no chão do andar de baixo tapado com um cobertor do seu sangue,
e sem brilho.
Clara correu pelas escadas abaixo, tentando evitar os
buracos e os cacos. Quando chegou ao andar
de baixo correu para ajudar o amigo, mas foi difícil lá chegar pois um grande
pedaço do andar de baixo estava infestado de sangue. Um grande esforço depois conseguiu
aproximar-se do seu amigo; ajoelhou-se e tocou-lhe, mas este não se mexeu.
Uma mistura de tristeza e culpa caíram no rosto de Clara.
- Houve uma luta... - pensava - Deve estar mais alguém em
casa.
Foi ai que se ouviu uma voz sinistra vinda de todos os
quartos do andar de cima.
- Pensava que estavas morta. - disse a voz.
- Q-quem és t-tu? - disse a Clara, levantando-se.
Nesse momento um homem com uma longa capa preta e um capuz,
que não deixava ver a cara, apareceu.
- O meu nome é Faca Assassina. Lamento, mas tu viste demais!
Agora fica quietinha. - disse aproximando-se com um sorriso maléfico no rosto. Clara percebeu que ele a ia matar e por isso subiu a escada
do lado oposto ao do homem, evitando, mais uma vez, os cacos e os buracos.
Correu para o quarto mais próximo e trancou-se lá dentro. A
cabeça de Clara estava numa montanha-russa de emoções.
- Porque estou aqui? Que sitio é este? Onde está a minha
família? O que eu fiz de errado? -pensava.
- Só sei que não posso ficar aqui muito mais tempo – disse,
para si mesma.
Olhou em volta e viu que estava numa espécie de armazém. Depois
começou a procurar algo que poderia ser útil para a batalha. Alguns segundos
depois descobriu um baú e abriu-o. Lá dentro continha todo o tipo de armas: arco e flecha,
espadas, facas… Clara tirou algumas armas e enfiou-as numa mochila que estava
empoleirada num cabide em cima do baú. Arrumou as armas lá dentro e saiu cuidadosamente.
Mal saiu do quarto, como era de esperar, o Faca Assassina já
estava à espera dela.
Depois de uma grande luta, Clara conseguiu mata-lo com uma
facada. Pegou no seu amigo à cabritinho e saíram da mansão, mas, quando a porta
se abriu e a Clara olhou em volta, descobriu que estava completamente perdida.
Com muito esforço, carregou o seu amigo para cima de uma
colina onde se encontrava um grande carvalho e sentou-se com o amigo ao colo
para descansar.
Ficaram debaixo do carvalho por 2 dias e a Clara sempre
tentando avistar a sua casa. Por sorte sua, no 3º dia, logo de manhã, conseguiu
avistar a sua casa bem lá ao longe.
Pegou no amigo e foi o mais depressa que pôde. Quando já
estava na sua rua começou a gritar:
-Mãe, Pai, estou em casa! Cheguei finalmente, estou
aqui!!!!!! – gritava, com um sorriso de orelha a orelha.
A mãe olhou pela janela para ver o que se passava e quando
viu a filha não conseguia acreditar no que os seus olhos viam. Abriu a porta e chamou os outros, que vieram a correr de
braços abertos. Todos abraçaram Clara que se pôs a contar a sua história. No
final pediu ao pai que levasse o rapaz, ao colo, para o quarto dos hóspedes.
Todos os dias Clara ia ao quarto ver se o rapaz teria
acordado. Passadas 2 semanas, o rapaz acordou.
Clara correu, deu-lhe um abraço e este fez-lhe sinal para se
sentar. Clara obedeceu e sentou-se na cama ao lado dele. O rapaz
virou-se para ela e, para espanto de Clara, falou!
- Olá, o meu nome é Lucas - disse sorrindo para Clara - eu tenho
a mesma idade que tu. Não sei se reparaste mas eu sou muito diferente. Tenho a
pele floresceste e venho do futuro. Posso mostraste-o se quiseres. – disse,
recuperando a cor.
-Claro que quero! – disse, muito feliz.
- Mãe, posso ir para o futuro com o meu amigo? - gritou
Clara.
-Podes. - gritou-lhe a mãe.
Lucas agarrou na mão de Clara e ambos voaram para um
universo paralelo.
Pouco tempo depois ambos voltaram, mas Lucas vinha muito
triste.
- O que aconteceu? - perguntou-lhe Clara
- Vou ter de me ir embora daqui a 2 dias. – disse, muito
chocho.
Clara também ficou triste após a notícia, mas sabia que não
podia fazer nada contra isso.
- Posso fazer-te 3 perguntas? - disse Clara.
- Podes.
- Porque tens de partir?
- Eu também tenho pais!! Não sou o Harry Potter!
- A segunda. Quem era o Faca Assassina? - Disse Clara com um
ar de atenção.
- Bem…O Faca Assassina é o meu maior inimigo. Há anos que
ele tenta apanhar-me para eu não te mostrar o futuro, porque eu sou o
mensageiro do rei e certo dia estava a trazer um recado a um morador da terra
mas distrai-me e fui para a casa da Faca Assassina. A partir desse dia anda a
tentar apanhar-me. - disse Lucas.
- Última pergunta: porque vieste ter comigo? - Disse Clara,
aproximando-se com ar de cusca.
- Tal como eu disse, eu sou o mensageiro do Rei e vim-te
mostrar o Futuro porque vais ser rainha. Vai haver uma guerra e o nosso lado
ganhará. Portanto vim-te mostrar o reino para saberes o que haverás de
governar. - Disse Lucas, com ar importante.
- Obrigada. - disse Clara, sorrindo.
Os dias passaram e chegou o dia de Lucas partir. Despediu-se
de todos e foi.
À noite Clara foi à janela do seu quarto ver as estrelas e
pensar quando voltaria a ver o Lucas e Lucas fazia o mesmo; começaram à mesma
hora e acabaram à mesma hora.
FIM
Sofia, 11 anos.