sábado, 15 de dezembro de 2018

HISTÓRIAS DA SOFIA - O Rapaz Que Veio do Futuro


O Rapaz Que Veio Do Futuro

Era um dia de verão quando a Clara e a família estavam a ir para a praia.

- Meninas, não corram!! – dizia o pai preocupado
- Tem calma, Rui. - dizia a mãe - elas já cresceram bastante.
- Mas eu ainda continuo a ser o pai delas, Julia.

Em poucos minutos a Clara e as suas irmãs, Ema a mais velha e Ana a mais nova, chegaram à praia.

- Cheguei primeiro!! – disse a Clara
- Sou sempre a ultima - queixou-se a Ana - isto é super injusto! A Clara tem 11 anos, a Ema tem 14 anos e eu só tenho 10!!
- Calem-se e vistam os fatos de banho. - disse a Ema



.


Depois de vestirem todas os fatos de banho os pais chegaram.

- Vão à água enquanto eu arrumo as coisas. - disse o pai.
- Yay! – disseram, em coro.

Mal as miúdas mergulharam a mãe disse:

- Obrigada. – disse, enquanto estendia a toalha e punha os seus óculos de sol no rosto.

Passadas algumas horas, os pais começaram a arrumar as coisas para partirem. As 3 irmãs estavam a jogar à bola.

- AI!! - disse a Ana, que acabava de levar uma bolada na cara.

Quando estava prestes a ralhar com a irmã, a mãe gritou:

- Vamos embora!
- O pai ainda vai demorar a arrumar as coisas. - disse a Clara virando-se para continuar o jogo.
- Eu já as arrumei. - disse o pai, com um sorriso malandro no rosto.




As 2 irmãs foram ter com os pais, mas a Clara voltou-se para o pai com raiva no rosto. Sempre que iam à praia o pai demorava muito tempo a arrumar as coisas e hoje parecia que ele as tinha arrumado rapidamente só para a irritar.

A mãe entendia a situação da filha e disse na maior das calmas:

- Se quiseres podes ficar na praia.
- A SÉRIO!?!? – disse, surpreendida.
- Claro, tu já tens 11anos e a casa é bem perto. - disse a mãe.

A Clara olhou para o pai e este concordou, um pouco contrariado. Despediram-se e partiram.

Como Clara estava um pouco cansada decidiu ir sentar-se à beira-mar a observar a paisagem e as crianças a nadar, mas, no meio de isto tudo, Clara adormeceu.

Quando a Clara acordou não estava ninguém na praia e ela reparou que já era pôr-do-sol.

- Acho que adormeci… - pensou enquanto se levantava - é melhor voltar para casa antes que eles fiquem preocupados.

Quando se virou viu um rapaz florescente, mesmo à sua frente.

- É melhor não me levantar- pensou enquanto se punha de joelhos - ele ainda me faz mal.

O rapaz e a Clara mantiveram-se calados.

- Mas que seca! - pensou Clara - Será que arrisco e digo alguma coisa?

Ficou calada a pensar se haveria de dizer alguma coisa.

- Dizer ou não dizer, eis a questão - pensava.

Mas acabou por arriscar.

- Quem és tu? – disse por fim.

O rapaz não disse nada. Só sorriu e estendeu-lhe a mão.

- Que queres? - disse Clara.

O rapaz não disse nada e simplesmente continuou a sorrir e ficou com a mão estendida.

- Está bem, eu dou-te a mão.



Levantou-se, deu-lhe a mão, e foi ai que… PUF! Tudo ficou branco. Quando acordou, encontrou-se deitada numa cama, num quarto em ruinas. Saiu do quarto e reparou que estava numa mansão em ruinas, maltratada e desfeita.

Quando se aproximou do corrimão deu para ver o andar de baixo que estava pior que o andar de cima. Clara também conseguiu ver o seu amigo estendido no chão do andar de baixo tapado com um cobertor do seu sangue, e sem brilho.

Clara correu pelas escadas abaixo, tentando evitar os buracos e os cacos. Quando chegou ao andar de baixo correu para ajudar o amigo, mas foi difícil lá chegar pois um grande pedaço do andar de baixo estava infestado de sangue. Um grande esforço depois conseguiu aproximar-se do seu amigo; ajoelhou-se e tocou-lhe, mas este não se mexeu.

Uma mistura de tristeza e culpa caíram no rosto de Clara.

- Houve uma luta... - pensava - Deve estar mais alguém em casa.

Foi ai que se ouviu uma voz sinistra vinda de todos os quartos do andar de cima.

- Pensava que estavas morta. - disse a voz.
- Q-quem és t-tu? - disse a Clara, levantando-se.

Nesse momento um homem com uma longa capa preta e um capuz, que não deixava ver a cara, apareceu.

- O meu nome é Faca Assassina. Lamento, mas tu viste demais! Agora fica quietinha. - disse aproximando-se com um sorriso maléfico no rosto. Clara percebeu que ele a ia matar e por isso subiu a escada do lado oposto ao do homem, evitando, mais uma vez, os cacos e os buracos. 

Correu para o quarto mais próximo e trancou-se lá dentro. A cabeça de Clara estava numa montanha-russa de emoções.

- Porque estou aqui? Que sitio é este? Onde está a minha família? O que eu fiz de errado? -pensava.
- Só sei que não posso ficar aqui muito mais tempo – disse, para si mesma.

Olhou em volta e viu que estava numa espécie de armazém. Depois começou a procurar algo que poderia ser útil para a batalha. Alguns segundos depois descobriu um baú e abriu-o. Lá dentro continha todo o tipo de armas: arco e flecha, espadas, facas… Clara tirou algumas armas e enfiou-as numa mochila que estava empoleirada num cabide em cima do baú. Arrumou as armas lá dentro e saiu cuidadosamente.

Mal saiu do quarto, como era de esperar, o Faca Assassina já estava à espera dela.

Depois de uma grande luta, Clara conseguiu mata-lo com uma facada. Pegou no seu amigo à cabritinho e saíram da mansão, mas, quando a porta se abriu e a Clara olhou em volta, descobriu que estava completamente perdida.



Com muito esforço, carregou o seu amigo para cima de uma colina onde se encontrava um grande carvalho e sentou-se com o amigo ao colo para descansar.

Ficaram debaixo do carvalho por 2 dias e a Clara sempre tentando avistar a sua casa. Por sorte sua, no 3º dia, logo de manhã, conseguiu avistar a sua casa bem lá ao longe.

Pegou no amigo e foi o mais depressa que pôde. Quando já estava na sua rua começou a gritar:

-Mãe, Pai, estou em casa! Cheguei finalmente, estou aqui!!!!!! – gritava, com um sorriso de orelha a orelha.

A mãe olhou pela janela para ver o que se passava e quando viu a filha não conseguia acreditar no que os seus olhos viam. Abriu a porta e chamou os outros, que vieram a correr de braços abertos. Todos abraçaram Clara que se pôs a contar a sua história. No final pediu ao pai que levasse o rapaz, ao colo, para o quarto dos hóspedes.

Todos os dias Clara ia ao quarto ver se o rapaz teria acordado. Passadas 2 semanas, o rapaz acordou.
Clara correu, deu-lhe um abraço e este fez-lhe sinal para se sentar. Clara obedeceu e sentou-se na cama ao lado dele. O rapaz virou-se para ela e, para espanto de Clara, falou!

- Olá, o meu nome é Lucas - disse sorrindo para Clara - eu tenho a mesma idade que tu. Não sei se reparaste mas eu sou muito diferente. Tenho a pele floresceste e venho do futuro. Posso mostraste-o se quiseres. – disse, recuperando a cor.
-Claro que quero! – disse, muito feliz.
- Mãe, posso ir para o futuro com o meu amigo? - gritou Clara.
-Podes. - gritou-lhe a mãe.

Lucas agarrou na mão de Clara e ambos voaram para um universo paralelo. 

Pouco tempo depois ambos voltaram, mas Lucas vinha muito triste.

- O que aconteceu? - perguntou-lhe Clara
- Vou ter de me ir embora daqui a 2 dias. – disse, muito chocho.

Clara também ficou triste após a notícia, mas sabia que não podia fazer nada contra isso.

- Posso fazer-te 3 perguntas? - disse Clara.
- Podes.
- Porque tens de partir?
- Eu também tenho pais!! Não sou o Harry Potter!
- A segunda. Quem era o Faca Assassina? - Disse Clara com um ar de atenção.
- Bem…O Faca Assassina é o meu maior inimigo. Há anos que ele tenta apanhar-me para eu não te mostrar o futuro, porque eu sou o mensageiro do rei e certo dia estava a trazer um recado a um morador da terra mas distrai-me e fui para a casa da Faca Assassina. A partir desse dia anda a tentar apanhar-me. - disse Lucas.
- Última pergunta: porque vieste ter comigo? - Disse Clara, aproximando-se com ar de cusca.
- Tal como eu disse, eu sou o mensageiro do Rei e vim-te mostrar o Futuro porque vais ser rainha. Vai haver uma guerra e o nosso lado ganhará. Portanto vim-te mostrar o reino para saberes o que haverás de governar. - Disse Lucas, com ar importante.
- Obrigada. - disse Clara, sorrindo.

Os dias passaram e chegou o dia de Lucas partir. Despediu-se de todos e foi.

À noite Clara foi à janela do seu quarto ver as estrelas e pensar quando voltaria a ver o Lucas e Lucas fazia o mesmo; começaram à mesma hora e acabaram à mesma hora.


                                                          FIM 
Sofia, 11 anos.

sábado, 10 de novembro de 2018

HISTÓRIAS DA SOFIA - O PREÇO DAS PALAVRAS



No dia 5/10/1975 nasceu um menino chamado André e ele era especial! Com apenas 3 meses disse a sua primeira palavra: “estrela”, com 1 ano disse a sua primeira frase completa e bem-dita: "O Natal está a chegar”, e, com 3 anos, lia textos tão bem lidos que até parecia que estava no 8º ano!

Quando ele tinha seis anos começou a escrever textos de 5 ou 6 páginas sem erros ortográficos.



Mas devido a este talento todo surgiram os inimigos, os invejosos, e os que só pensavam em si.

- Não vales nada! – dizia um.
- Eu sou melhor! – dizia outro.
- Não passas de um bebé que se acha o melhor! – diziam todos.

Mas o André respondia com lágrimas e recusava-se a dizer uma única palavra.
Nessa noite não conseguiu dormir, por isso escreveu no diário como lhe tinha corrido o dia.



Um dia o André fartou-se daquilo e respondeu a gritar:
- Um dia, quando crescer, vou ser tão bom que será a vossa vez de chorar!!
- Ha, Ha! Queres uma aposta, pequenino? – disse o “chefe” do grupo, o Ruben. 

(O Ruben era o rapaz mais rebelde da escola. Tinha chumbado 5 vezes, maltratava toda a gente, menos o grupo, e tinha 3 namoradas: a Joana, a Ema e a Rebeca que eram todas traídas. A Joana com a Júlia, A Ema com a Carol, e a Rebeca com a Matilde, que, por sua vez, as traía também)

- Sim – disse o André com um ar sério – se eu ganhar tu nunca mais me ofendes e finges que não me conheces.
- E, se eu ganhar, tu tens de ser o meu escravo durante 2 anos – disse o Ruben com um sorriso no rosto, convencido de que ia ganhar a aposta.
- Feito! – responderam em coro.



Os dias foram passando e, no Natal, André recebeu uma caixa com três palavras, dada pela avó Maria.

- Estas palavras, André… - disse a avó – são palavras raríssimas, por isso não quero que as uses mas sim que as guardes nesta caixa até ser mesmo necessário.

O André ficou boquiaberto com a prenda e com as palavras: “amor, bondade, ajudar” e, passados alguns minutos lá fechou e guardou a caixa, e a noite continuou. Passado pouco tempo chegou a vez do avô Ricardo. Recebeu o seu primeiro estojo de construções e três palavras: “construir, sonhar, acreditar”.

- Obrigado, avô – disse o André com um sorriso no rosto.

No início o André não sabia o que havia de fazer com aquilo, mas logo havia de pensar em qualquer coisa.

Na manhã seguinte realizou o pedido da avó e trancou as 3 palavras num cofre fechado à chave.

Passaram-se anos, e, duas semanas depois do André fazer 10 anos, o avô morreu. O André ficou destroçado e chorou durante 3 horas!

Depois de chorar lembrou-se do presente que o avô lhe tinha dados há muitos anos atrás e começou a trabalhar num projeto nunca antes visto.

Passaram-se dias, semanas, e meses, até que o projeto finalmente ficou pronto. Como o trabalho foi feito com ferramentas de brincar não ficou como planeado, mas foi suficiente para ele.



O André ficou orgulhoso do seu trabalho e então fez um desenho para o recordar.

Os anos foram passando e o André não conseguia arranjar nenhum emprego. Foi então que se lembrou da aposta que tinha feito em pequeno e ficou aflito. 



O André começou a correr pela casa como se não houvesse amanhã e foi aí que (BUMMMMMMM) bateu contra a prateleira!

Quando abriu os olhos reparou que estava caída no chão uma folha invulgar. Quando lhe pegou reparou que era o desenho do projeto que tinha feito em criança:

Uma fábrica de palavras!



André não pensou duas vezes e correu para o computador para enviar um email a um arquiteto. Mas, uns dias depois, o arquiteto respondeu-lhe que era impossível construir a fábrica pedida.

O André, ao ler este email, ficou muito triste, vazio, e com medo. Decidiu ir ao supermercado comprar uma pizza para tentar encher o vazio dentro dele. Mas, a caminho do supermercado, viu uma fábrica abandonada e saiu do carro como se tivesse visto D. Sebastião a voltar no cavalo branco.

- Já sei!!! – gritou de tanta felicidade.

Entrou no carro a correr e deu meia volta para a loja de ferramentas. Quando regressou à fábrica vinha todo equipado e pôs mãos à obra.

As horas passaram até ficar noite e como ainda faltava um bocado para acabar decidiu dormir na Fábrica e continuar de manhã. 



Mal acordou, o André continuou a trabalhar e, em menos de poucas horas, a fábrica já estava pronta. Mas faltava qualquer coisa…

Onde iria vender tantas palavras?


Faltava uma loja. E lá se pôs a construir a loja.

A loja demorou mais tempo a construir, mas passados alguns meses estava pronta.
Colocou as 3 palavras que a avó Maria lhe tinha dado (amor, bondade, ajudar) no circuito principal para a Fábrica só produzir palavras boas e iniciou a produção.

Passaram-se anos e a loja era um sucesso.

- Quanto custa a palavra “olá”? – dizia um cliente.
- 1, 35 euros! – dizia o André – Leve 3 e leve a palavra “adeus” de graça.
- Quanto custa a palavra “carro”?
- Essa é mais cara. Essa custa 100,39 euros, e tem cuidado com ela porque pode atropelar pessoas! – disse o André.

De repente entrou um rapazinho pequenino que disse assim:

- Quanto custa a palavra “amor”? – perguntou o rapaz – vou levar uma para a minha mamã, para ela saber o quanto eu gosto dela.
- Nesse caso, rapazinho… - respondeu o André com um sorriso no rosto – leva duas de graça, uma para a tua mãe e outra para o teu pai.
- A sério?! Muito obrigado, senhor André! – respondeu muito surpreendido o rapaz.

Tudo estava acorrer bem até que um dia a loja foi assaltada e o resto da aldeia também! 



Roubaram todas as palavras!

A aldeia inteira ficou muda porque não havia palavras. Passaram-se meses e nem o ladrão, nem as palavras deram sinal.

Até que um dia o André ouviu alguém gritar uma palavra… André seguiu o som e foi dar mesmo à frente do ladrão.



O André desmascarou o culpado e era… o Ruben!

- Mas porquê? – conseguiu dizer o André
- Porque tu conseguiste o melhor emprego da cidade e por isso pensei que se eu tivesse todas as palavras do mundo poderia ser muito rico. Tiveste sorte, agora, porque quando abri o saco as palavras “mas” e “porquê” soltaram-se e tu conseguiste dizê-las.

De repente Ruben ajoelhou-se e começou a chorar.

O André era um bom homem. Aproximou-se com um sorriso, colocou uma mão no ombro do pobre ladrão e, com a outra, abriu o saco e todas as palavras voltaram para os seus donos.

André estendeu a mão e disse:

- Toma esta palavra e todas as tuas dificuldades desaparecerão.

Era a palavra “amor”. O Ruben agarrou-a e logo que lhe tocou, num raio de luz, Ruben era um homem novo.

Já não era aquele ladrão com o cabelo rapado e vingativo. Agora era um homem de negócios que trabalhava na melhor empresa da cidade.

A partir desse dia, o Ruben voltou à empresa e o André à loja e ambos viveram felizes para todo o sempre.




FIM

Sofia, 11 anos.





quinta-feira, 19 de abril de 2018

Viver em Sesimbra...


(Final de tarde na Praia de Sesimbra)

Tanto eu como a Sara não somos naturais de Sesimbra (eu sou de Benfica - morava mesmo ao lado do sítio onde o Simão vai trabalhar durante uns anos - e a Sara é de Cascais) e, por isso, o facto de termos vindo para cá viver significou uma ruptura com rotinas e contextos a que estávamos habituados desde sempre.

Antes de mais, convém fazer aqui uma chamada de atenção: nós não moramos, mesmo, em Sesimbra! Moramos numa povoação que fica a 5 minutos do centro da vila, e isto pode parecer rídiculo uma vez que, originalmente, Sesimbra era uma aldeia de pescadores, mas que, naturalmente, tem vindo a ver os seus limites serem alargados; mas, para os locais, estas questões são muito importantes. É que, para os Pexitos (habitantes de Sesimbra), só é verdadeiramente de Sesimbra quem mora desde a linha do mar até determinado ponto na estrada... Quem mora para cima desse ponto (que fica, praí, a 600 metros do centro da vila) não é Pexito, mas sim Camponês (vive no campo...). É claro que, para um Pexito, ser Camponês é algo depreciativo e o contrário também é válido. Consta que antigamente havia grandes cenas de porrada entre Pexitos e Camponeses...

Bem, hoje em dia as coisas estão mais diluídas e já não ha cenas de pancadaria, mas continua a haver acesas discussões nos cafés entre Pexitos e Camponeses. Nós, como não somos daqui, consideramos que, a partir da Rotunda da Nato, já não estamos na "Margem Sul", que já é Sesimbra e, por isso, somos todos Pexitos.

É engraçado porque lembro-me perfeitamente, quando tinha 20 e poucos anos, de estar a voltar da Caparica, após um dia de praia durante a semana, olhar para o trânsito para sul, na ponte, e pensar:

"- Porra!! Nunca hei-de morar na margem sul!!!!

De qualquer forma, como já disse, Sesimbra já não é bem "margem sul" e assim, neste momento, eu e a Sara somos os maiores defensores do "viver em Sesimbra" que conhecemos. Acho, mesmo, que nós gostamos mais disto do que qualquer Pexito "original"!!

Isto é, de facto, o paraíso na Terra! 

Estamos a 40 minutos de Lisboa, o que nos permite continuar a ter vida social com amigos que continuam a viver por lá (coitados...); temos grandes restaurantes (o nosso grande vício...) onde podemos apreciar desde o tradicional e descontraído peixe grelhado, no Lobo do Mar ou no Pintarola, à cozinha de autor no Bar da Padeiria; temos uma praia soalheira (virada a Sul) - há lá coisa melhor do que passar o dia inteiro na praia e ao final da tarde ir jantar ao Portofino ou sentarmo-nos na esplanada do Ribas para beber uma caipiroska e jantar, ainda com areia nos pés, a sabermos que, quando quisermos ir para casa, estamos a 7 minutos de distância? Temos a Praia do Ribeiro do Cavalo; temos o Carnaval (O Carnaval Pexito); temos a Lagoa de Albufeira e o Meco, com o Bar do Peixe e com o Gula, onde os nossos putos ficam a dormir, tapados com mantas, nos sofás, para os pais poderem ficar um pouco até mais tarde a jantar com amigos; temos os croissants do Liansini; temos a Festa do Castelo; temos uma casa grande, com jardim e uma pequena piscina, ao preço de um T0 em Telheiras; temos os miúdos a brincar na rua, a andar de bicicleta ou a jogar à bola (o Simão...) de uma forma tranquila; temos, acima de tudo, uma qualidade de vida impagável e irrepetível em mais lado nenhum.

É claro que quando cá chegámos tivemos de nos adaptar às especificidades e idiossincrasias da Vila e dos Pexitos...Uma das coisas a que achei logo imensa piada é o facto de toda a gente se tratar por tu (como calculam, a Sara achou muito estranho porque é de Cascais... - estou a brincar, ok?...ela é de Cascais, mas de um bairro social...)! Achei engraçadíssimo ir à farmácia pedir uma caixa de comprimidos para as dores de cabeça e o farmacêutico dizer-me:

"- Queres a caixa com 10, ou a caixa com 20 comprimidos?"
...
...
...
"- Olha... Tanto faz... escolhe tu!"

Um gajo sente logo que está ali família!


Também nos tivemos de adaptar ao sotaque e aprender algumas das expressões típicas Pexitas. Por exemplo, dizer "Atão, soce? ou "Ah, ganda balhão!!" faz parte da herança cultural Pexita e toda a gente que queira ser Pexito tem de as dizer de tempos a tempos. 

Outra das expressões que me chamou logo a atenção foi a forma como dizem "Olha lá..." por tudo e por nada. É um "Olha lá" com diversas entoações, de acordo com o contexto. Se estiverem a ver um bebé no ovinho, é um "Olha láaaa..." assim mais arrastado; se estiverem a começar uma conversa é um "Olha lá!" mais assertivo... Enfim, varia muito, mas o "Olha lá" é obrigatório!

Alguns amigos meus, indígenas, queixam-se do facto de ser uma vila pequena e de toda a gente se conhecer. Argumentam, eles, que esse facto retira algum do anonimato que às vezes queremos ter em público.

Em percebo que essa proximidade pode tornar difícil a resolução de alguns conflitos e potenciar surgimento de outros, mas nós, que não somos de cá, nem temos cá nenhuma história familiar, achamos giríssimo saber o nome de toda a gente que trabalha nas Finanças.


Sesimbra acontece!

 (Praia da Ribeira do Cavalo)


(Sesimbra by nigth)

sábado, 14 de abril de 2018

Os filhos e as notas da escola...


Recentemente publiquei uma fotografia de um dos trabalhos de casa da Alice e isso fez-me lembrar algumas das conversas que temos tido, com amigos nossos, sobre a importância de os miúdos terem boas notas na escola.

Claro que este tema só se aplica à Sofia e à Alice que estão no 5º e 1º ano, respectivamente.

Relativamente ao Simão e à Petra, o grande objectivo escolar passa por não apanharem muitas bronquiolites e não morderem ou serem mordidos pelos coleguinhas da sala (como é óbvio, o Simão nunca é mordido...Forte, o meu filho!!!!) - acho que as educadoras da creche vão-me matar por ter dito isto...

Já aqui escrevi (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2018/03/vida-de-casal-com-4-filhos.html) que, relativamente às duas mais velhas, nós procuramos transmitir o máximo de autonomia e, consequentemente, de responsabilidade.

A Sofia, sempre que chega a casa, tem 1 hora para fazer os trabalhos de casa e rever a matéria que foi dada. Já a Alice só faz os trabalhos de casa e, a seguir, pode ir brincar.

Não estudamos com elas e só intervimos se tiverem dúvidas. Nas vésperas de testes, às vezes, fazemos perguntas sobre a matéria que vai sair (acontece mais com a Sofia).

Nós não somos românticos ao ponto de acharmos que ter boas ou más notas seja indiferente. Pelo contrário! Vivemos num mundo cada vez mais competitivo e é óbvio que o sucesso académico pode ser uma arma distintiva na obtenção da carreira profissional que eles escolherem. Também achamos que os hábitos de estudo devem ser adquiridos desde cedo.

De facto, nós exigimos que eles (elas, neste caso) tenham boas notas e a verdade é que têm tido. Normalmente são alunas de quatros e cincos.

É claro que os miúdos não são todos iguais e, porventura, com o Simão e a Petra poderemos ter necessidade de ter uma abordagem diferente de forma a que consigam atingir os objectivos académicos que nós achamos importantes. Aliás, já com a Sofia e a Alice nós temos diferentes posturas porque elas são completamente diferentes na forma como se organizam na escola. A Alice é muito focada e assim que chega a casa, sem ninguém lhe dizer nada, senta-se a fazer os trabalhos. Chora se não pode fazer os trabalhos das férias logo no primeiro dia. É muito despreocupada e confiante com as notas que tem na escola. No outro dia estava a sentir-me culpadíssimo porque ela foi para a escola e só depois é que reparei que tinha teste. Não lhe desejei boa sorte, não lhe fiz perguntas, não lhe dei conselhos, nada... Quando a fui buscar perguntei-lhe como é que tinha corrido e se tinha respondido a tudo:

"- Respondi a tudo e respondi a tudo bem!", foi a resposta dela.

Tranquilo...

Já a Sofia é muito mais despassarada. Distrai-se com tudo e mais alguma coisa, é capaz de não saber (se nós não lhe dissermos) que tem teste no dia seguinte e, se puder fazer os TPC nos últimos 10 minutos do último dia de férias, melhor.

A questão que se coloca é se elas não poderiam ter melhores notas (tudo 5, por exemplo) se nós estudássemos com elas, ou se estudassem de forma mais vincada antes de um teste. À partida seria lógico que isso acontecesse. No entanto, no deve e no haver da coisa, nós consideramos que aquilo que se perde para conseguir esse objectivo é muito superior àquilo que se ganha. Ou seja, se elas já conseguem ter notas muito aceitáveis com aquilo que retêm nas aulas e com um reforço mínimo quando chegam a casa, não consideramos positivo que elas abdiquem de mais tempo livre, de forma a conseguirem ter notas ainda melhores. Haverá um tempo para isso... A exigência académica e o tempo dedicado ao estudo, na nossa opinião, deve ser gradual (na faculdade devem estudar mais do que no secundário, no secundário devem estudar mais do que no preparatório, e, no preparatório , devem estudar mais do que na primária). Ora, se na primária já tiverem de estudar 3h por dia, quantas é que vão estudar no faculdade?

Neste sentido, não consigo perceber muito bem a utilidade ou a mais valia de uma ferramenta como o Quadro de Mérito, nestas idades. É claro que pode ser uma forma de homenagear alguns alunos que, pela sua capacidade e disciplina, se destacam e obtêm excelentes notas, mas, por outro lado, também me parece uma forma de incentivar o excesso de horas (desajustadas, na nossa opinião) dedicadas ao estudo, simplesmente com o objetivo de "entrar"no Quadro de Mérito, o que, acima de tudo, faz bem ao ego dos pais.

(Sofia, no 1º Ano, a dormir em cima dos TPC)


sábado, 10 de março de 2018

Vida de casal com 4 filhos?



Tem sido comum, em conversas com amigos, surgir o tema de nós procurarmos, com 4 filhos, conjugar o nosso papel de pais com o facto de continuarmos a ser um casal que procura manter uma vida social activa, que janta fora, que viaja a dois, etc.

De facto, como já aqui referi (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2017/09/ferias-sem-filhos-por-favor-sim.html), é importante para o nosso equilíbrio enquanto casal, salvaguardar alguns momentos em que "deixamos" mentalmente de ser pais e passamos a ser, exclusivamente, namorados, companheiros e confidentes. Em última análise, isso traduz-se numa relação marital mais saudável que depois também tem reflexo na nossa relação com os miúdos.

Há, de facto, algum estigma associado a este nosso comportamento; como se o amor que se tem aos filhos fosse diretamente proporcional ao sacrifício da vida própria que o casal tem de fazer para cuidar e educar os filhos.

Comentários como "O meu filho dormiu na nossa cama até aos 4 anos!" ou "Jantar fora sem os miúdos? Nunca! Onde eu vou, eles também vão!" são, muitas vezes, utilizados como medalhas por mães, ou pais, que não parecem achar compatível o papel de progenitor com o de mulher ou marido.

Bom... cada um sabe de si, mas nós não pensamos assim... Ninguém gosta dos seus filhos mais do que nós, ninguém se preocupa com o seu bem estar mais do que nós, ninguém deseja que eles tenham o melhor do mundo mais do que nós. Simplesmente não achamos que seja preciso (ou saudável fazê-lo) abdicar da vida de casal para isso acontecer.

Como é que temos conseguido, então, conjugar essas duas facetas?

Eu creio que, acima de tudo, através das rotinas que instituímos desde que eles são muito pequenos. Isso permite, por um lado, desenvolver comportamentos, autonomias e percepções nos miúdos, que nós julgamos os mais indicados; e, por outro lado, permite-nos, a nós, regular as nossas necessidades e desejos em função dessas rotinas.

Pequenos exemplos:

Todos os nosso filhos passam a dormir no quarto próprio por volta dos 4 meses - Esta é uma grande conquista para nós. Recuperamos um tempo e um espaço que é nosso, com tudo o que daí advém. Não quer dizer que quando estão doentes não durmam na nossa cama, ou que ao fim de semana, de manhã, não haja um verdadeiro acampamento no nosso quarto, mas, em regra geral, cada um dorme no seu quarto desde os 4 meses.

Vão todos para a cama, em dia de escola, às 21.30h - também aqui entram pequenas rotinas que ajudam a consolidar a grande rotina de deitar: habituámo-los desde bebés a nunca os adormecermos ao colo; depois de deitados já não saem da cama (se choram, damos uma festinha e um miminho, mas voltamos a pôr a chucha e a aconchegar sem os tirar da cama) e nós saímos do quarto; às 21.15h vai tudo lavar os dentes e fazer xixi, deitam-se, eu conto uma história (as mais velhas já leem sozinhas), apagam a luz e dormem. 

Também estão habituados a, desde bebés, irem dormir a casa dos avós, numa das noites do fim de semana (e é, sem dúvida, o ponto alto da semana dos putos... jantam bolachas de chocolate e tomam chupa-chupas ao pequeno almoço...), ou a ficarem cá em casa com uma babysitter. Como o fazem desde cedo, não estranham dormir fora de casa, o que para nós significa uma noite de sono completo e profundo.

E depois há um conjunto variado de outras rotinas que não estão directamente relacionadas com o tempo que nós temos para nós, mas que, ao serem instituídas conferem autonomia e segurança aos miúdos e em paz de espírito para nós: as mais velhas (10 e 7 anos) acordam sozinhas, vestem-se (a roupa fica pronta de véspera) e preparam pequeno almoço e o lanche que levam para a escola sozinhas; põem e tiram a mesa de jantar; quando chegam a casa vão fazer os trabalhos da escola autonomamente (só nos chamam se precisarem de ajuda); comem sozinhos desde os 2 anos (sopa e tudo).

Estas pequenas dinâmicas ajudam-nos a manter as coisas oleadas e a funcionar relativamente ao dia a dia, mas quando temos algo que saia fora daquilo que são os nossos hábitos diários (como ir de férias) também é na definição de rotinas que nos refugiamos para conseguir ultrapassar com sanidade o facto de irmos 15 dias para a praia com 4 putos (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2017/08/como-ir-de-ferias-com-os-4-putos-sem.html).





domingo, 18 de fevereiro de 2018

Sugestões para ir de férias?



Bom, como já aqui publiquei (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2017/09/ferias-sem-filhos-por-favor-sim.html), eu e a Sara, todos os anos, no final de Agosto, fazemos questão de tirar uma semana de férias os dois sozinhos, sem crianças, de forma a conseguirmos ouvir os próprios pensamentos durante uns dias e recarregarmos baterias.

O nosso destino de eleição é o México, mais concretamente a Riviera Maya (já lá fomos uma dezena de vezes). Tem tudo o que nós procuramos numas férias: mar e sol; diversão e espírito "Caribe Mix"; e possibilidade de se sair do hotel e experimentar coisas diferentes (mergulho em cenotes, safaris na floresta tropical, etc.). 

Dirão os haters: "Ah, férias num resort? Com pulseirinha? Andar em rebanho? Tão mainstream..."
Olhem, como diz a outra: Pizzas pós haters!!

Comemos à hora que queremos, dormimos à hora que queremos, saímos do hotel quando queremos, fazemos a vida que queremos.
Os dois. Nem percebo isso do rebanho...

Enfim, é este o registo que gostamos e é neste registo que queremos continuar. 

Quando pomos em cima da mesa outras possibilidades, com custos similares, preferimos sempre o México. Dá-nos a segurança de sabermos ao que vamos e de ter a garantia de gostarmos do que vamos encontrar.

De facto, já procuramos variar e demo-nos mal... Num destes anos resolvemos ir às Maldivas e foi a maior seca da nossa vida. O mar é maravilhoso, mas assim que se sai de dentro de água não há nada para fazer. Damos a volta à ilha em 15 minutos! Uma pasmaceira total!

Portanto, a questão é: por valores semelhantes (1200-1500 euros/pessoa) voltamos para o México; mas e por valores bem mais baixos (800 euros/pessoa)? 
Para onde é que podemos ir por estes valores (finais!!) que tenha mar (mergulho), boas praias e diversão?

Sugestões?










sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Como Preparar, de manhã, 4 Filhos Para a Escola


É muito raro conseguirmos estar os dois de manhã para dividir a logística de preparar e levar os 4 putos à escola. Normalmente alternamos os dias e, enquanto um sai de casa para ir trabalhar, o outro fica com essa responsabilidade.

Esta 5ª feira foi o meu dia...

A preparação começou na véspera com a Sara a deixar a roupa de cada miúdo preparada nos respectivos quartos, como faz quase todos os dias (quando ela se esquece ou não pode, e sou eu a escolher a roupa, vai tudo para a escola de fato de treino...).

Às 7.20h tocou o despertador da Sofia que se deixou ficar na cama até às 7.35h, a pensar naquelas coisas importantíssimas em que a Sofia pensa todos os dias: porque é que as árvores têm folhas? Porque é que não há ornitorrincos em Portugal? Se os gatos falassem o que é que diriam? Etc.

Às 7.30h acordámos nós. A Sara vestiu-se, tomou o pequeno almoço e saiu, e eu preparei-me para o pior.

Fui buscar o Simão à cama e como reparei que a fralda estava a abarrotar e fui à gaveta buscar uma fralda nova.

"Porra, só há mais uma fralda!!!!! Como é que não vimos isto ontem??? É melhor não mudar já... O miúdo ainda pode fazer algum cocó matinal e depois não tenho fralda para o mudar, antes de o levar para a escola", pensei eu...

Nesta altura reparei que a Sara não tinha escolhido a roupa do Simão, de forma que tive de escolher umas calças, uns ténis, uma camisa, uma camisola e um casaco.

Comecei a ficar com calor e despi  a sweat-shirt...

Por esta altura já a Petra tinha acordado e gritava do seu quarto:
"- Papá, vem me buscá!!! A Peta já acodou!!! Papá!!!! Papá!!!"

Agarrei na Petra com um braço enquanto segurava o Simão com o outro, pus a roupa dos dois em cima do ombro, agarrei nos sapatos com os dentes e desci lá para baixo.

A Sofia está sentada a comer os cereais com o cabelo a parecer um mau dia da Amy Winehouse.

"- Sofia, não te penteias???"
"- Já me penteei, pai!!"
...

A Alice começa a descer a escadas e vem vestida de bailarina, com uma saia de tule, uma t-shirt cor de rosa e sandálias (e brincos de mola pendurados que nos obrigou a comprar...).

"- Alice???!!! O que é isso???? Onde é que está a roupa que a mãe escolheu???"
"- Papá...olha...eu gosto mais desta..."
"- Estás louca!!!????? Está um frio de rachar lá fora!!!! Vai vestir a tua roupa!!!
"- Mas, papá...."
"- Alice!!!!"
"- Mas, papá...."
"- Alice!!!! Já!!!"

Tirei a t-shirt e as meias e fiquei descalço e em tronco nu. Estavam 6 graus lá fora.

Preparei os cereais da Petra e o biberão do Simão. A Petra sentou-se à mesa a comer e deitei o Simão no sofá; acomodei-lhe o biberão com uma manta e deixei-o lá.

Aproveitei a acalmia dos dois mais novos e fui pentear o cabelo da Sofia que refila e queixa-se a cada movimento da escova.

Às 8.10ha sofia está despachada e sai de casa para ir para a escola de boleia com uma vizinha.
Às 8.13h a Sofia volta para casa porque se esqueceu de preparar o lanche e volta a sair às 8.17h.
Às 8.19h a Sofia volta para casa porque se esqueceu de me pedir dinheiro para carregar o cartão e volta a sair às 8.21h.

As aulas começaram às 8.20h.

A Alice desce as escadas muito contrariada porque não a deixei ir para a escola de tutu e senta-se a comer os cereais.

Vou buscar o Simão ao Sofá. Parece que metade do biberão lhe escorreu pelo pescoço, mas acho que não faz muito mal, porque a seguir vou-lhe mudar a roupa. Limpo com um toalhete e sigo.

Cheira-me um bocadinho a cocó.... "Ok, o Simão já deve ter feito cocó... vou esperar até mais perto da hora de sair de casa para o mudar", pensei.

Visto a Petra e mando Alice para a casa de banho lavar a cara e os dentes. Entretanto, o Simão não pára de chorar e dou-lhe uma bolacha para ver se ele se acalma.

Lavo a cara e os dentes à Petra e o Simão continua a chorar. Olho com mais atenção e vejo que o miúdo tem as calças e a barriga do pijama todas molhadas e acastanhadas. Não augura nada de bom...

Ok... O Simão fez uma borrada de dimensões épicas!!! Transbordou a fralda que já estava a abarrotar de xixi e escorreu para a barriga e pelas pernas.

Dispo o Simão e vou para o lavatório lavá-lo.

A Petra começa a chorar porque a Alice não a deixa brincar com um boneco que diz ser dela e que já não usa desde 2014.

Já lavei o Simão e vou vesti-lo.
A roupa que escolhi não lhe passa na cabeça.
Grito para a Alice parar de chatear a Petra e para ir lá acima buscar uma camisola qualquer para o Simão.
Os ténis que escolhi não lhe servem.
Grito para a Alice parar de chatear a Petra e voltar lá acima buscar uns ténis quaisquer para o Simão.
A Alice refila comigo.

Consigo vestir o Simão, vou à casa de banho lavar-lhe a cara e os dentes, visto-me, lavo a cara e os dentes, penteio a Alice e a Petra, e mando tudo para o carro.

Sento os miúdos no carro, prendo tudo com os cintos de segurança e quando me preparo para arrancar a Alice diz-me:
"- Papá, preparaste-me o lanche?"

Saio do carro, entro em casa, preparo o lanche e volto para o carro.
A Petra e o Simão estão a chorar porque eu saí do carro.

Arranco para os deixar na escola.

E o que é que esta 5ª feira teve de especial?

Nada...

Foi um dia igual aos outros.