sábado, 10 de março de 2018

Vida de casal com 4 filhos?



Tem sido comum, em conversas com amigos, surgir o tema de nós procurarmos, com 4 filhos, conjugar o nosso papel de pais com o facto de continuarmos a ser um casal que procura manter uma vida social activa, que janta fora, que viaja a dois, etc.

De facto, como já aqui referi (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2017/09/ferias-sem-filhos-por-favor-sim.html), é importante para o nosso equilíbrio enquanto casal, salvaguardar alguns momentos em que "deixamos" mentalmente de ser pais e passamos a ser, exclusivamente, namorados, companheiros e confidentes. Em última análise, isso traduz-se numa relação marital mais saudável que depois também tem reflexo na nossa relação com os miúdos.

Há, de facto, algum estigma associado a este nosso comportamento; como se o amor que se tem aos filhos fosse diretamente proporcional ao sacrifício da vida própria que o casal tem de fazer para cuidar e educar os filhos.

Comentários como "O meu filho dormiu na nossa cama até aos 4 anos!" ou "Jantar fora sem os miúdos? Nunca! Onde eu vou, eles também vão!" são, muitas vezes, utilizados como medalhas por mães, ou pais, que não parecem achar compatível o papel de progenitor com o de mulher ou marido.

Bom... cada um sabe de si, mas nós não pensamos assim... Ninguém gosta dos seus filhos mais do que nós, ninguém se preocupa com o seu bem estar mais do que nós, ninguém deseja que eles tenham o melhor do mundo mais do que nós. Simplesmente não achamos que seja preciso (ou saudável fazê-lo) abdicar da vida de casal para isso acontecer.

Como é que temos conseguido, então, conjugar essas duas facetas?

Eu creio que, acima de tudo, através das rotinas que instituímos desde que eles são muito pequenos. Isso permite, por um lado, desenvolver comportamentos, autonomias e percepções nos miúdos, que nós julgamos os mais indicados; e, por outro lado, permite-nos, a nós, regular as nossas necessidades e desejos em função dessas rotinas.

Pequenos exemplos:

Todos os nosso filhos passam a dormir no quarto próprio por volta dos 4 meses - Esta é uma grande conquista para nós. Recuperamos um tempo e um espaço que é nosso, com tudo o que daí advém. Não quer dizer que quando estão doentes não durmam na nossa cama, ou que ao fim de semana, de manhã, não haja um verdadeiro acampamento no nosso quarto, mas, em regra geral, cada um dorme no seu quarto desde os 4 meses.

Vão todos para a cama, em dia de escola, às 21.30h - também aqui entram pequenas rotinas que ajudam a consolidar a grande rotina de deitar: habituámo-los desde bebés a nunca os adormecermos ao colo; depois de deitados já não saem da cama (se choram, damos uma festinha e um miminho, mas voltamos a pôr a chucha e a aconchegar sem os tirar da cama) e nós saímos do quarto; às 21.15h vai tudo lavar os dentes e fazer xixi, deitam-se, eu conto uma história (as mais velhas já leem sozinhas), apagam a luz e dormem. 

Também estão habituados a, desde bebés, irem dormir a casa dos avós, numa das noites do fim de semana (e é, sem dúvida, o ponto alto da semana dos putos... jantam bolachas de chocolate e tomam chupa-chupas ao pequeno almoço...), ou a ficarem cá em casa com uma babysitter. Como o fazem desde cedo, não estranham dormir fora de casa, o que para nós significa uma noite de sono completo e profundo.

E depois há um conjunto variado de outras rotinas que não estão directamente relacionadas com o tempo que nós temos para nós, mas que, ao serem instituídas conferem autonomia e segurança aos miúdos e em paz de espírito para nós: as mais velhas (10 e 7 anos) acordam sozinhas, vestem-se (a roupa fica pronta de véspera) e preparam pequeno almoço e o lanche que levam para a escola sozinhas; põem e tiram a mesa de jantar; quando chegam a casa vão fazer os trabalhos da escola autonomamente (só nos chamam se precisarem de ajuda); comem sozinhos desde os 2 anos (sopa e tudo).

Estas pequenas dinâmicas ajudam-nos a manter as coisas oleadas e a funcionar relativamente ao dia a dia, mas quando temos algo que saia fora daquilo que são os nossos hábitos diários (como ir de férias) também é na definição de rotinas que nos refugiamos para conseguir ultrapassar com sanidade o facto de irmos 15 dias para a praia com 4 putos (https://omeupaieodarthvader.blogspot.pt/2017/08/como-ir-de-ferias-com-os-4-putos-sem.html).